sexta-feira, abril 30, 2021

GENTE DO CORAÇÃO REPARTIDO – CAP. I

À LAIA DE PREÂMBULO

Vicente Teixeira de Matos

 Sempre desejei escrever a estória – humildemente heróica – das mulheres e dos homens e da sua descendência – açorianos e açor–angolanos sofredores – que espalhados pelo “mato” angolano gravaram a duras penas e saudades margens nítidas da sua pequena terra de origem, os Açores, a esmagadora maioria proveniente  da ilha de São Jorge, contribuindo – sem sequer o intuírem, para caboucarem uma grande, generosa e próspera nação – Angola...

Figura 1- Mapa dos Açores mais antigo, existente nos dias de hoje. Na legenda em latim pode ler-se: “Estas ilhas foram percorridas com a maior diligencia, e com todo o cuidado as descreveu o português Luís Teixeira, cosmógrafo da Majestade Real. Ano de nascimento de Cristo de 1584”. (Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Azores_old_map.jpg#mw-jump-to-license).

Choquei a almejada estória com amor, durante anos e anos, deixando-me chegar aos oitenta bem puxados... Porém, sem principiar, nunca se chega ao fim...

Primeiro, socorri-me dos apontamentos, alembranças, causos, verdades “sob o manto diáfano da fantasia", escritos pelo meu chegado amigo e compadre de muitos anos e andanças – Valério Mateus (heterómino de Vicente Matos). Mais: Boletins Oficiais de Angola, Estatutos da Cooperativa Agropecuária “A Açoreana", relatórios anuais, exposições escritas e muita memória oral. Contribuições de muitos apanhados nas malhas do tempo e da saudade...

Figura 5- Jornalista Dutra Faria da ANI.

Também, recorri à contribuição do jornalista Dutra Faria, um dos três fundadores e diretor da ANI (Agência de Notícias e Informação), ou seja, as suas palestras nas Casas dos Açores do Rio de Janeiro e de Lisboa, suas crónicas no Diário Insular, de Angra do Heroísmo, de 1954, 1958, 1961 e posteriores; foi o responsável pelo crisma da “Décima Ilha dos Açores”, aquelas singelas mas sugestivas imagens açorianas confirmadas por outros visitantes, ilhéus ou não e até estrangeiros.

Passados mais de meio e de um quarto de século, do nascer e de se esfuma daquela singela utopia. Para mim, ultrapassados os oitenta – “contas e bordão" – são horas de começar!... “Em nome de Deus” começo!...