domingo, março 09, 2014
SÃO JORGE DE CATOFE: DATAS HISTÓRICAS
A
historiografia de São Jorge do Catofe não se pode perder no tempo. Assim, é
importante deixar aqui documentadas algumas datas que foram marcos históricos
na colonização açoriana na savana às margens do rio Katofe.
Esta lista foi
feita por iniciativa do meu pai, Vicente Teixeira de Matos, que recorreu à
valiosa contribuição do Sr. Estêvam de Jesus de Matos, quem permaneceu por mais
tempo como Presidente da Cooperativa de Colonização Agro-Pecuária “A Açoreana”. E eu recorri ao nosso amigo enfermeiro Carmona, sobre a data de inauguração do posto sanitário.
DATAS:
1934 – Estabelecimento
dos três pioneiros açorianos – João Alves de Oliveira, Emílio Dias e André
Alves de Oliveira – na savana às margens do Rio Katofe;
1941 – Falecimento
no Natal do pioneiro André Alves de Oliveira, vitimado por biliosa palúdica;
1945 – Ingresso
como novo sócio na firma Oliveira & Dias de Vicente Teixeira de Matos, com
25 anos, proveniente da cidade do Huambo, onde tinha acabado de cumprir serviço
militar, após vir dos Açores com 18 anos para juntar-se à família já radicada
numa fazenda próxima do Forte da Quissala;
1948 – Chegam ao
Catofe quatro jovens que vieram juntar-se ao embrião do povoamento açoriano,
após serem desmobilizados de um batalhão expedicionário açoriano que veio para
Angola em 1945, por causa da Segunda Guerra Mundial;
1948 – Radicam-se
no Catofe as duas primeiras famílias com filhos, provenientes diretamente dos
Açores em viagem de barco;
1949 – Assinatura por
19 membros da escritura de fundação da Cooperativa de Colonização Agro-Pecuária
“A Açoreana”, em 26 de setembro de 1949, no Cartório Notarial da Comarca de
Nova Lisboa, Huambo, e publicação dos estatutos, em 7 de dezembro de 1949, no
Boletim Oficial da Província de Angola, III Série, no. 48.
1950 – Festejos dos
primeiros nascimentos e batizados de catofianos, isto é, açorianos de S. Jorge
de Catofe;
1951 – Concedido um empréstimo pela Junta de Comércio Externo aos associados da Cooperativa para compra de gado bovino no sul de Angola, o que permitiu que o rebanho de algumas centenas de cabeças ultrapasse um milhar;
1952 – Benção da
pedra inaugural da Primitiva Capela;
1952 – Criação a
pedido da Cooperativa duma Reserva do Estado, de 52.000 ha, onde se demarcariam
20.000 ha para fazendas dos povoadores açorianos e 32.000 ha para ocupação
indígena;
1954 – Benção e
inauguração da capela pelo Arcebispo de Luanda D. Moisés Alves de Pinho, com
dedicação ao padroeiro S. Jorge;
1957 – Construção
da primitiva Casa do Espírito Santo;
1958 – Construção
da Escola Primária;
1958 – Ampliação
da primitiva ermida com construção da torre de sinos, para assumir a denominação
de Primeira Igreja;
1960 – Construção na
povoação da primeira Fábrica de Lacticínios da cooperativa, que até esta data
funcionava no terreno do pomar da Firma Oliveira & Dias;
1960 – Vinda do
primeiro ajudante de pecuária dos Serviços de Veterinária de Angola, que
passaria a fazer as vacinações do gado;
1960 –
Constituição da filarmónica;
1962 – Vinda de uma
brigada chefiada por um agrimensor da Junta Provincial de Povoamento, para
medir e legalizar por concessão provisória as fazendas dos agricultores
açorianos e a área reservada ao povoamento indígena;
1965 – Construção
do edifício sede da cooperativa, que até esta data funcionava na Casa do
Espírito Santo;
1965 – Inauguração
do Internato Escolar misto para 100 crianças com idade de 7 a 12 anos, e do Posto Sanitário, que atendia todos os habitantes açorianos e indígenas da região;
1965 – Construção
do Cemitério, com o primeiro sepultamento para um dos três pioneiros, João
Alves de Oliveira, que faleceu em 27 de julho de 1965;
1968 – Inauguração
do Posto de Recepção de Leite da ELA - Empresa de Lacticínios de Angola;
1969 – Construção
da última Igreja;
1970 – Abertura de
cerca de 300 km de estradas rurais;
1970 – Finalização
da demarcação provisória de fazendas agropecuárias e emissão dos primeiros
alvarás definitivos aos primeiros concessionários que comprovaram o total
aproveitamento;
1973 – Construção
da nova Casa do Espírito Santo.
Um
exame atento da sequência de datas permite afirmar que o progresso da Décima
Ilha dos Açores plantada na savana do Rio Katofe seria infinito e, se não fosse
interrompido pela diáspora fatídica de 1975, certamente cumpriria a breve prazo
o no espírito e na prática o que propunha o Artigo 6o. do Capítulo 1o.
dos Estatutos da Cooperativa de Colonização Agro-Pecuária “A Açoreana”, em
1949, muito antes de existir guerra contra o colonialismo:
Difusão
entre os indígenas dos arredores dos benefícios conseguidos pela Cooperativa,
na medida do possível e seja do interesse deles, como conhecimentos
agro-pecuários, assistência técnica, etc., atendendo ao espírito de colaboração
que caracteriza a colonização portuguesa.
Um grande abraço do Kabiá-Kabiaka.
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