segunda-feira, novembro 03, 2008

O ÓPIO DO POVO E O DOS INTELECTUAIS

Um dia Karl Marx (1818-1883) proclamou que “a religião é o ópio do povo”. Em nome dessa máxima divisa, os marxistas-leninistas cometeram imensos desvarios e atrocidades, que podem ser contabilizados em milhões de vidas e valores perdidos ingloriamente. Os angolanos que o digam, agora, que o tão decantado Poder Popular já pertence às calendas gregas, embora certo partido mostre imensa nostalgia do tempo em que dizia que ele era o povo e o povo era ele!... Slogans não enchem a barriga de ninguém, quiçá, ainda, sirvam para ganhar eleições mediante propagandas de marketing bem delineadas que soam muito bem aos ouvidos de quem ainda lê muito pouco e, por isso, não tem possibilidades de analisar criticamente todo o que ouve...

Mais perto do nosso tempo, o filósofo francês Raymond Aron (1905-1983) disse que “o marxismo é o ópio dos intelectuais”. Realmente, os intelectuais marxistas assumem uma Aura de onipotência e infalibilidade, porque ficam cônscios de deter o saber maior que orienta “o fim da história”, da suprema evolução da Humanidade que decretou a “morte de Deus”, ou melhor, de todos os deuses, exceto eles próprios – os marxistas. Eles são a personificação do Super-Homem pregado por Nietzsche, com a inigualável função de orientar a sociedade do seu elevado trono de intelectualidade com sentido redentor. Claro que uma ideologia assim exerce um fascínio irresistível sobre os intelectuais, pois hes permite assumir uma perspectiva de poder, influência e prestígio que não seria conferido pelo mero compromisso com a defesa das liberdades democráticas.

Esse fascínio por assumir o papel de Vanguarda é algo que se vislumbra facilmente no brilho dos olhares dos intelectuais marxistas, quando dissertam orgasticamente sobre as suas idéias que já se mostraram totalmente falidas na prática, pois levaram às ditaduras mais brutais que se conheceram no século XX, nos tempos gloriosos dos governos leninistas, stalinistas e maoístas, inclusive, em África.

No caso particular de Angola, a esquerda intelectual ainda defende um aparelho partidário que controle os meios estatais para mais facilmente alcançar benesses materiais individuais e de grupo e os seus fins ideológicos falidos, confundido estado com governo e partido, em desfavor de um povo cada vez mais marginalizado, socialmente, bem ao contrário da verborragia socializante que a elite dominante apregoa. Como dizia um ex-trotskista: “intelectuais que elogiam governos têm algum problema; provavelmente, querem um emprego”. Essa assertiva pode ser facilmente comprovada na nossa terra...

Um grande abraço do

Kabiá-Kabiaka.