quinta-feira, janeiro 13, 2011

IGREJA RECONSTRUÍDA

 


No dia 01/12/2010, recebi do Padre Manuel António Santos, natural do nosso Catofe, as fotografias deste post que evidenciam a reconstrução da igreja e da casa que pertencia à Cooperativa "A Açoriana", agora, continuando a servir o povo daquela região, aliás, como fazia antes, com produtos de mercearia e quiçá rações para gado.


Faltou a recuperação total da cruz, talvez por limitações técnicas dos reconstrutores, o que comprova que os primeiros construtores dominavam a tecnologia do concreto armado com maior perícia e saber... Contudo, a meu ver, a nova pintura evidencia maior ousadia estética do que outrora, com um toque mais pós-moderno do que a sobriedade da cor branca predominante original.


Todos os catofianos devem celebrar esta ressurreição lenta das marcas da prosperidade que um dia se instalou naquela savana inóspita, graças à indomável iniciativa dos pioneiros açorianos, que jamais será igualada! Mas, o maior motivo de júbilo deve ser o retorno aos valores espirituais em substituição da ideologia destruidora que dominou a mente coletiva do povo local durante três décadas. O Espírito de Cristo sarará mais rapidamente as feridas abertas por uma guerra fratricida burra!

A terminar, recordo um poema que escrevi em 1982, quando vivia na cidade do Porto, com um teor profético que agora se cumpre:


ESPERANÇA IMORTAL

                                                                                                                                     Porto, 11/02/1982

Ó quanto anelo o dia em que livre serei
Para rever-te Catofe martirizado,
Rever as “baixas” em que mil sonhos semeei,
Em viçosos capins, em manadas de gado.

Rever as caçadas que jamais olvidei;
Ouvir o “batuque” da “sanzala” do lado;
O rumorejante rio escutá-lo sem lei;
Das altas pedras negras mirar o passado.

Quero ouvir à luz da fogueira que crepita
Esse “kissanje” continuamente delicado,
Um canto africano novo, ressuscitado,

Pelo teu “kazúmbir” que tudo ressuscita.
Hei de regressar a esse solo ocupado!
Certamente, cedo tu serás libertado!



Um grande abraço do Kabiá-Kabiaka.