terça-feira, setembro 11, 2012
POEMAS DE AMOR E VIDA
VIDA D’ ILUSÃO
I
Eu tive um encanto de asas e velas,
na viração do dia seguia lindo,
pela suave noite onde as procelas
se desfaziam doces mal surgindo.
Brilhava inda mais que as estrelas,
dava uma luz clara dum sol fulgindo,
era um astro de centelhas belas
o sonho airoso que sonhei sorrindo!
Era apenas um riso, uma voz d’oiro
que alimentava como o trigo loiro
e teve o breve nome de – Ilusão;
porque um dia veio a noite tranquila
e nunca, nunca mais eu pude ouvi-la
cantando e rindo ao meu triste coração.
II
Rápido, pensamento atrás de pensamento,
como gesto fútil e vão, vou lançando ao ar
uma vida que eu daria só para salvar
o meu saudoso e lindo encantamento.
Mais triste do que nunca, vejo por inteiro
o meu querido sonho no além navegar,
assim eu vi fugir, sem mais os ver voltar,
os pensamentos subtis dum sonho aventureiro.
Fiquei sozinho então, neste mundo largo
chorei – ninguém sequer ouviu meu choro amargo,
das gentes no rumor se perderam meus ais!
Porém, dentro de mim, baixinho alguém murmura:
- teus encantados sonhos eram de ventura,
e os sonhos quando fogem nunca voltam mais.
Lúcio Huambo
Porto, 1985
Amor é fogo que arde sem se ver,
é um sangue que corre e não se sente,
é luz que ilumina o amanhecer,
é alegria em vida descontente,
é calor que não se cansa de aquecer,
é um sol que não queima de tão quente,
é a fonte que não cessa de verter,
e, por ele, além vemos do presente!...
Uma longa primavera florida
faremos no jardim da nossa vida!...
Como um inseto beijando uma flor,
sorveremos o néctar sem medida,
duma vida que se quer bem vivida,
sempre vencendo na força do Amor !...
Lúcio Huambo
Porto, 1985
Esquecer o inesquecível,
nos muitos dias já passados,
é realizar o impossível
pra consegui-los olvidados
num silêncio insensível
aos meus fogos apaixonados.
Evitar o inevitável,
destes meus versos ressurgidos,
é adiar o inadiável
de consegui-los atendidos
por uma musa inolvidável,
de nobres sonhos revividos.
Lúcio Huambo
Porto, 1985
Jamais reprimas o que desejas com ardor,
jamais cales a tua voz d’oiro no receio
qu’eu não escute o sublime canto de amor
que forte ferve e silencioso no teu seio!
Jamais me prives, eu te suplico com fervor,
do teu sorriso, o doce olhar, o teu enleio,
que são para mim eterna fonte de calor
e te libertam do teu demorado anseio!
Cumprirei então os teus sonhos de ternura,
o teu canto será um eco que perdura,
o teu sorriso, a alegria que eu almejo!
O teu olhar terá o brilho das estrelas,
entre as flores serás acima das mais belas,
nosso porvir terá o fim do teu desejo!
Lúcio Huambo
Porto, 1985
Duma mui bela e delicada flor
pode-nos vir o sentido da vida,
pois, contemplando-a sob suave odor,
refaz-se em nós a pujança perdida.
Sem ela, converte-se um jardim d’amor
em deserto de areia ressequida,
e nem mesmo c’ um romântico pendor
se disfarça a sua falta mui sentida;
e, quando é das mais belas do jardim,
não se extingue porque, uma flor assim,
é fonte infinita d’ eterno vigor;
que nos faz novos, quando, já no fim,
à vida não conseguimos dizer sim,
mas ela nos dá, do Amor, o ardor!
Lúcio Huambo
Porto, 07/1986
Há sempre uma mensagem
que vale a pena,
carregada de perenidade,
num reencontro.
Há sempre uma mensagem,
de eternidade,
que não é miragem
porque fica
e modifica,
após um reencontro.
Vale a pena
porque é perene,
e é perene
porque fica
e modifica
o cerne
do que plantamos
e semeamos,
muito antes
da simplicidade
e perenidade
dum reencontro!
Lúcio Huambo
Porto, 07/1986
“Vem por aqui!”- diz-me a voz insistente,
que não conheço, mas não cesso de ouvir,
ao ponto de me deter totalmente,
pedindo, ao tempo, tempo para refletir.
“Ouve-me, ó doce voz impertinente,
por aí eu sei que nunca hei de ir;
pois eu dono sou do meu presente,
dum passado herdeiro, obreiro do porvir!”
“Vem por aqui, sim, não te arrependerás,
felicidade te darei e doce paz!...”
- diz-me a voz que não diviso em seus traços.
“Não, nunca irei por aí!... Tu verás!...
quero apenas a senda em que me traz
o caminho dos meus próprios passos!...”
Lúcio Huambo
Porto Alegre, 01/05/1987
É fácil desistir,
parar,
de braços cruzados,
a ver o mundo andar
e depois carpir
a sorte que não veio...
E tudo porque o receio
de resistir
não encontrou outro meio
senão desistir!...
É fácil desistir,
parar,
de braços cruzados,
a ver o mundo andar,
mas é penoso aceitar
e confessar
que a sorte só não veio
porque, bem dentro em nosso seio,
faltou o ânimo,
a coragem,
para teimar
e continuar,
quando seria mais cômodo
não resistir
e desistir!...
Vale a pena teimar,
quando a teimosia é convicção!...
Vale a pena perseverar,
quando a perseverança é sobrevivência!...
Acreditar é à morte dizer não,
sobreviver é dizer sim à existência!...
Lúcio Huambo
Porto Alegre, 03/07/1987
Límpida,
de tão pura,...
Vívida,
de brandura...
Caindo suavemente
no telhado de zinco,
retinindo brilhantemente
no ouvido como brinco.
........................................
Gota de outono,
duma chuva que tranquiliza
e suaviza
o mais profundo sono.
A música crepita serena,
em notas que perfaz
a linguagem mais amena
de abundante paz,
a ponto da nossa mente,
num repente,
fruir o prazer,
a magia da beleza,
do orgasmo permanente
em que vive a natureza!
Lúcio Huambo
Porto Alegre, 03/07/1987
Quantas vezes é
penoso,
difícil,
mas imperioso,
dizer NÃO;
quando mais seria
natural,
fácil,
mesmo providencial,
dizer SIM...
E é assim,
quando um senão
desfaz nossos sonhos de ventura
e nos deixa, enfim,
como galardão,
a amargura,
a frustração,...
........................
Quantas vezes eu não desejaria
dizer NÃO,
embora sabendo que nunca conseguiria
dizer SIM;
porque uma afirmação
não é só negar a negação,
mas assumir convictamente
o que se sente interiormente,
lá no fundo do coração,
onde o SIM nunca é NÃO!...
...............................................
Quando por fim,
à uma,
com convicção,
meu falar
e meu pensar
forem SIM – SIM
e NÃO – NÃO,
eu sonharei livremente
e meus sonhos, felizmente,
não mais serão
frustração,
amargura
e desventura!...
Serei todo libertação,
e mesmo que outros a chamem de loucura,
gozarei infinitamente
o que, por tempos, em minha mente
acumulei numa aventura,
tão futura,
de algum dia
sentir a alegria
de dizer Sim,
quando obrigado a dizer NÃO!...
Será um dia
de euforia,
esse, em que as musas cantarão
a minha libertação
do fatalismo de dizer NÃO,
quando, bem dentro em mim,
eu sempre quis, enfim,
dizer um altissonante SIM!
Lúcio Huambo
Porto Alegre, 11/08/1987
Procuremos somente a Beleza, que a vida
é um punhado infantil de areia ressequida,
um som d’água ou de bronze e uma sombra que passa...
Eugénio de Castro
Ser poeta é ser o cavaleiro
do Amor, da Dor, do Sonho e da Vida,...
Tal Camões, lírico aventureiro,
qual Florbela, na paixão tão sofrida.
É ser eterno luso marinheiro,
dono dum Mar onde só existe ida,
ter mais Além o porto derradeiro
sem voltar ao Aquém da partida.
É voejar sobre ondas como açor,
liberto pela mágica do Amor,
embora prisioneiro da Ventura!...
É do Infinito encher o coração
numa volúpia tão feita escravidão,
que dela nos advêm perene cura!...
Lúcio Huambo
Porto Alegre, 15/10/1987
Anúncio no enlutado quadro
duma missa de sétimo dia.
Alguém morreu!...
“O quê, quem diria?!....
O Casagrande faleceu?!....”
Perguntei eu,
algo atônito,
mandando ao demo a alegria que sentia....
Nesse triste dia,
quando alguém murmurou:
“há uma semana o mestrado mudou”.
À minha frente, uma baia vazia,
uma tese que parou,...
E não minto
ao dizer o que sinto:
“um ponto de referência, de quem sou,
se eclipsou....
Sim,... Para mim,
há uma semana o mestrado mudou!”
Ó caro amigo:
para ti o amanhã é infinito
e nisto medito...
Viajaste sem saber
que há uma morte em cada partida,
um mistério na despedida,...
E quantas vezes a mudança de rota
é uma mudança de destino?!...
Por isso, alguém murmurou:
“há uma semana o mestrado mudou”.
Ó caro amigo:
não te rias agora da pequenez das nossas mentes,
deixa-nos aqui, peregrinando lentamente,
até aí,
destino onde todos somos iguais.
Deixa-nos, ainda, a gozar docemente
a mesquinha estupidez
de nos julgarmos tão diferentes...
Todavia,
neste dia,
alguém murmurou:
“há uma semana o mestrado mudou!”
Saudoso amigo,
porque eu não morri,
em vez de ti?
Ao menos, aqui,
neste curso,
a ninguém eu faltaria
e ninguém diria:
“há uma semana o mestrado mudou!”
Todavia,
o Destino
que ironia!...
Teu amigo,
Lúcio Huambo
Porto Alegre, fev./1988
P.S. Ao chegar ao Brasil, em fevereiro de 1987, vindo de Portugal, retomei os meus estudos de mestrado em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Ali, fui acolhido com muita amizade pelo Casagrande que era professor na PUC de Curitiba. Nas férias de verão, em janeiro de 1988, o Casagrande encontrava-se na Bahia quando perdeu a vida num acidente de automóvel. Ele e quatro amigos estavam para procurar a diversão em Salvador, porém, na última hora, resolveram rumar a Feira de Santana; no caminho, o carro capotou e só o Casagrande, que até viajava no banco traseiro, se despediu da existência terrena. Que mistério nesta despedida e como uma mudança de rota significa, muitas vezes, uma mudança de destino!
Nostálgico,
divino,
arrebatado,...,
este meu gemido
calado,
reprimido,
quer ser grito apaixonado, sentido!...
Qual alento
soprado,
revivido,
quer ser ciclone, tornado, tormento!...
Amor!
Paixão!
Calor!
Vulcão!
Lúcio Huambo
Blumenau, 20/01/1993
MELODIA DO SER
É uma melodia que passa
no meu coração feita vento,
breve, refresca e esvoaça,
este meu novo alento...
O que amo não subsiste,
some e não resiste
a este meu SER que procuro,
numa claridade feita escuro.
O seu aroma se esvai lentamente,
sobe, se entrelaça e cai,
qual névoa dormente,
num sono ou sonho que se esvai...
Lúcio Huambo
Blumenau, 03/02/1993
O modo de fazer é ser.
Lao – Tsé
Não se deve considerar tanto o que
devemos fazer, quanto o que somos.
Mestre Eckhart
Sorvo o vazio
num encolher de ombros
e brota um rio
sobre os escombros.
Escombros dum passado
duro e rudo,
que me fez nada
de querer ser tudo.
Ser tudo, ser um mundo,
de amor, de paixão,
que lá no fundo
tranco em meu coração.
Resta o eco, uma bruma,
do vazio que passou
e na alma que se arruma
brota a VIDA,... O que DEUS semeou!
Lúcio Huambo
Blumenau, 04/02/1993
Deixa-me confessar,
pois eu não minto,
ao falar o que eu sinto:
como é belo o que em mim se esconde,
faz-me viver um Além,
sei lá onde...
Quero ser teu e de mais ninguém,
em ti me encontrar,
em ti clamar:
o meu coração se achou
como uma pérola escondida,
procurou a Vida
e se libertou!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 25/03/1993
Na espantosa realidade do ser
algo mais me faz ser completo!...
Digo para mim: “O que quero mais ter?...”
Jamais, eu sei, eu serei repleto,
a paz que sinto quando te vejo, só tu a tens,
nunca vai me pertencer...
Na íris dos olhos, o verde cedro montês,
altaneiro porte, num jeito miudinho,
divina sorte esse moreno da tez,...
Jamais em tão pequeno ninho,
a Divindade tão pródiga se fez!
Nem aqui, nem noutro ponto qualquer,
alguém imitará o que em ti de sublime se criou,
deste mundo, a mudança que nascer
já Deus outrora planejou.
Ao homem, no máximo, cabe ser santo,
prouvera a Deus
que não tivesse visto tanto!
Lúcio Huambo
Blumenau, 01/06/1996
Sei que nunca verão o que eu vejo
e, se alguém pudesse ver o que eu vejo,
mudaria o sonho que eu almejo.
Sei que nunca me darão o que eu procuro
e, se alguém me desse o que eu procuro,
meu horizonte ficaria mui escuro.
Sei que nunca sentirão o que eu sinto
e, se alguém sentisse o que eu sinto,
meu sentimento seria o que eu desminto.
Lúcio Huambo
Blumenau, 01/06/1996
Malheur de ma vie!
Bien sûr, c’est fini...
Adieu, ma chérie!...
Il ne me reste plus qu’à vous remercier
votre amitié
qui m’a fait prêt à tout oser
et, à la fin, la vieille chanson écouter:
«et si tu n’existait pas»...
Quoi?
Est-ce que la chance a tourné contre moi?
Oh non, pas du tout...
C’est une histoire qui ne tient pas debout...
N’est-ce pas?
Lúcio Huambo
Florianópolis, 14/08/2002
Livre como um passarinho,
último da floresta, é este meu novo sentimento...
Abro as asas, salvo o ninho,
movo o mundo e venço o vento...
Indo e vindo, com naturalidade,
garanto a água do sustento,
apago a morte..., acendo a chama da Liberdade!
Lúcio Huambo
Florianópolis, 17/08/2002
A alma nunca lhe destina uma tarefa
Para a qual você não esteja apto.
Richard Barrett
A inveja, o ciúme, a ambição, qualquer espécie de cobiça são paixões; o amor é uma ação, a prática de um poder humano, que só pode ser exercido na liberdade e nunca como resultado de uma compulsão.
O amor é uma atividade e não um afeto passivo; é um “erguimento” e não uma “queda”.
De modo mais geral, o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar, e não em receber.
Erich Fromm, in A ARTE DE AMAR
Eles não conseguem entender
o AMOR
no modo SER!
Seu torpor
é viver
na agonia,
da periferia,
do ter.
Seu amor
é passageira paixão,
inveja,
ciúme,
ambição
e dominação!...
Eles não conseguem entender
o nosso AMOR
que é um profundo SER,
é uma constante renovação,
é um contínuo crescer,
uma libertação
do espírito
e da ação!...
Lúcio Huambo
Florianópolis, 24/08/2002
O AMOR é que é essencial.
O sexo é só um acidente.
Pode ser igual
ou diferente.
O homem não é um animal:
é uma carne inteligente,
embora às vezes doente.
Fernando Pessoa
Encontrar-te foi obra do acaso,
dos deuses uma eleição...
Conhecer-te é um ato de devoção
muito pessoal,
uma dedicação
total...
Há algo em mim que clama por se revelar
e pranteia de tanto se ocultar;
é algo que se liberta,
uma sede que se mitiga
por si,
ao encontrar a pessoa certa:
minha deusa e amiga!
Lúcio Huambo
Florianópolis, 26/03/2003
A semente que você lançou
já germinou...
A planta que vai crescer
é o meu novo SER...
O fruto que vamos colher
nos fará desejar,
amar,
até desfalecer!...
Lúcio Huambo
Itapema, 28/05/2003
Teu manucho na Alma e no sentimento,
dos laços forjados pelo saudoso calor
na terra amada, donde me brota o fermento,
fervente ardor...
Alma feita paixão,
canção,
doce canção que embala o sonho
de me chegar ao seio,
em que me ponho
a sorver sem freio
quem semeou
O doce veneno que por ti me enfeitiçou!
Minha Manucha,
minha Deusa,
Angola,
Bendito seja quem te criou!
Lúcio Huambo
Blumenau, 03/07/2004
“Kiss me”, “besame”,
assim, se traduz “ama-me”,
reflexo verbal do sentimento
intensamente sentido, além do pensamento
nele refletido...
Mais profundamente se sente
aquilo que ansiosamente
reflete sentida
a minha Alma Meia, qu’inda busca a Metade da sua Vida!
Gesto impensado,
encantado pelo tempo,
ontem e hoje,
ressuscitado,
gravado contínuo na minha Mente...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
O Amor que por ti tenho
nenhum mais o tem,
só eu e mais ninguém
o posso dedicar-te como venho...
Só eu o tenho guardado
para ti, Minha Alma Metade,
porque só eu, o teu Amado,
sinto o que me dás de Felicidade!
Lúcio Huambo
Curitiba, 2009
Quando olhei esta flor,
vi nela o símbolo da beleza
que em ti
eu vi!
A essência da pureza
do meu sentimento, já feito AMOR.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
A esperança que se retarda faz adoecer o coração!
Não sou eu quem o digo,
mas, sim, a bíblica sabedoria do Rei Salomão.
Na senda que sigo
não cansarei nunca de flores te distribuir
com a minha Alma a sorrir,
embora o que eu de ti espero
tarde em se realizar...
Quanto mais me esmero
no perfeito executar,
nem sempre a sorte ou destino
é o que imagino...
Enfim, o que mais fazer,
o que lamentar,
se expresso a essência do meu SER
vertida na Arte de Amar?
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
Por favor, não tenhas qualquer receio,
não confundas fim com meio!
A Deusa que em ti visualizo
não faz de ti uma mulher sem defeito,
porém, divina te idealizo
pelo sentimento que arde em meu peito.
É um doce querer de bem querer
a ti dedicado...
É a amizade que te quero prometer,
fadada a crescer,
sonhar,
voar,
como o meu suspiro alado!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
É o carinho que te dedico
que me faz mais homem!
Tu me fazes mais rico,
fazes que em mim se somem
sabedoria,
amor,
vida,
prosperidade,
alegria,
harmonia...
Enfim, esta felicidade é o meu supremo Bem,
e o que de melhor o mundo contém;
por isso, digo que aqui é o lugar
do nosso bem-estar;
o tempo é agora,
é a nossa hora!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
O meu amor liberta, não aprisiona!
Esta é a minha solene promessa,
é uma doação sem medida
em que me entrego sem que o meça;
é a minha alma rendida
a quem a mereça...
A ti, minha eleita,
desejo entregar
com total desprendimento
o meu mais nobre sentimento;
ele, a ti, vou inteiramente doar!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Assim será, se for esse o teu querer:
o meu fundido ao teu SER,
para ser só UM!
Seremos duas metades da mesma Alma
que se encaixarão
pela Eternidade...
E na instantânea calma
desta minha reflexão,
sinto o perene sabor da Felicidade.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Parte do SER que hoje eu sou
a ti o devo,
e só não entende o que eu escrevo
quem nunca amou.
Neste caminho,
aos poucos o meu EU se faz tu
e, por isso, não me sinto só;
a minha sensibilidade se faz carinho,
cada vez mais, amadurece o que era um sentir cru
e a minha alma em ti se enlaça feita um nó...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Aqui, no shopping,
no mesmo lugar,
onde contigo sentei,
agora, de olhar
vago no ar
meus pensamentos fixei,
sorri
e saudades senti,
de ti!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Caso o queiras,
a ti posso dedicar toda a minha paixão,
o meu coração,
a minha maior atenção!...
Mais bela e encantadora, eu sei,
minha Deusa tu és,
mais divina e bela do que a rosa que te dei!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Bendito é o meu caminho
que os teus pés suavemente pisam,
numa nova caminhada em que me alinho
com sentimentos que docilmente por mim deslizam.
É o suave caminhar da Esperança,
mais uma vez, renascida para o Amor
que a um novo Porvir se abraça e lança
sem mágoas do passado ou futuro temor.
És tu que em mim fazes isto,
renascer súbito com um ímpeto a que não resisto
para caminhar solto e leve...
Será por ti que eu ainda não desisto
de acreditar? Por que tanto insisto?
O Amor não se explica. Mas, se agradece a quem tanto se deve!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Quem sabe o Fado cantar,
também, pode dizer:
“A saudade é um luto,
uma aflição,
uma dor”...
Pode até matar,
de tanto sofrer,
no seu mais sólido reduto,
uma grande Paixão,
um grande Amor...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Amo o amor que se divide
entre nós dois,
para nos fazer
só UM.
É divisão que soma,
multiplica,
transforma e vivifica
a raiz ressequida
que se fez vida
em mil flores
espalhadas no teu caminho
que eu abri
prenhe de amores,
a brotar sempre
do Amor que eu senti
por ti...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Deixa-me nesta Ilusão voar,
escrever-te poemas nas asas
a bater no ar
da minha Imaginação...
Até que me digas sempre não
ou o eterno SIM
que já trago em mim!
Seja SIM ou não,
os meus olhos vão brilhar
de tanto viver nesta Ilusão
e de lágrimas a escorrer sem cessar
por tanta emoção
da Ilusão de te amar!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Quando o teu SIM ouvir,
vou ser teu, inteiramente TEU!
Meus risos se fundirão
com o meu choro de tanta emoção...
Vou sentir
que sou EU;
a ti vou todo me entregar
e, cada vez mais, livre vou me achar...
Lúcio Huambo
Joinville, 2009
Nas minhas folhas soltas ao vento
a ti envio o meu alado sentimento,
gemido,
sofrido...
Me inclino aos teus seios
para beijar a minha própria Vida
derramada em fogo
que me recria,
a cada dia...
Bela,
gostosa,
tesuda!
Sua cadela,
gatinha dengosa,
dá-me a tua Vivinha peluda!
Teu corpo é o meu Espaço Sagrado
em que santifico a minha língua, o meu beijo;
quero lambê-lo, beijá-lo a cada centímetro quadrado,
caso me dês esse ensejo...
Fazer-te gritar,
uivar,
a parede subir
de amor e desejo!
Fazer-te gemer,
suplicar,
em altos ais,
por mais e mais,
muito mais!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
A semente que à terra lancei
não é minha,
é tua...
Não a fiz germinar,
não a reguei,
colhi-a na rua.
Foste tu que ao ar a lançaste,
sem saber,
sem prever
que um dia
o meu coração irias colher.
É semente de Vida
que no chão
da desilusão
raízes fincou
e frutificou.
A Vida que não me perdôo
por anos perdidos,
sentimentos desiludidos,
que, agora, revividos,
graças a ti, livre te dôo.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Aqui, onde se acaba o meu pensamento
e se alarga o meu sentimento,
tu nasceste,
tu resolveste
enlaçar o meu coração
e amarrar-me com o teu repetido não...
De repente,
com docilidade envolvente,
levantaste o véu
e disseste-me:
agora, tu és MEU,
para sempre serás
e nunca mais te irás!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Ao abrires estas folhas encontrarás
nelas vertido quanto eu te amo;
de teus olhos soltarás
folhas perenes de um só ramo:
o da Árvore da Vida
que é a minha,
que é a tua,
em nós renascida,
continuamente,
eternamente!
É a Magia
da nossa Alquimia...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Alguém disse um dia:
“amor é prosa, sexo é poesia”!
Mas, a linguagem dos nossos corpos em evolução,
na cama, no divã, no chão,
é pura música, é melodia,
em que a divina harmonia,
muito nossa, se revela à exaustão!
É o Canto à Vida,
agora, renascida...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Lá fora, o sol espelhado nas flores
tornam-nas mais douradas
com o brilho dos nossos amores
de noites infindamente recordadas...
É a luz que dissipa as dores
das trevas agora transformadas
em alegrias de mil cores,
por ti e por mim, tão almejadas...
É o brilho dos teus olhos azul-acinzentados
na tua face agora tão luminosa,
emoldurada por cabelos loiros esvoaçantes.
É a luz dos meus olhos esverdeados
vidrados nos teus de forma tão fogosa,
que me fazem arder em sonhos tão escaldantes.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Quando expresso por ti o meu Amor,
feito carinho que sobre a tua pele desliza os meus dedos,
então, por todo o meu corpo se alastra o calor
em que ardem feitos nada todos os meus medos.
Oh quantas perdas, quanta dor,
guardam os mais profundos dos meus segredos,
que no recôndito da minha alma vivem o torpor
de lindas histórias que perderam os seus enredos!
Leve me torne este peso
que carrego leve, sem medo de sonhar,
de seguir em frente, agora, para sempre te amar.
Ainda que me vejas preso
em amarras do passado que não consigo desatar,
eu sou teu e contigo vou sempre avançar, avançar...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Este calor que a nossos corpos incendeia
vem do fogo sagrado que nos percorre
da cabeça aos pés...
É a chama divina que às nossas almas ateia
o que arde e não morre,
por nos levantar a cada revés.
E das pontas dos nossos dedos
faísca esta energia
que nos enleia
e mitiga os nossos medos;
por ela somos transformados,
feitos enlevante harmonia,
doce melodia,
nestes nossos momentos mais sagrados.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Fadinha encantadora,
santa protetora,
o teu toque me vivifica,
o teu abraço me santifica;
o teu ósculo santo
é como a proteção do teu divino manto,
pois teus lábios me devolvem a vida
há muito esquecida,
com a qual, agora, me renovo e encanto.
É a doce magia
da tua alquimia
que me seduz
e me traz nova luz
para avançar
sem vacilar!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Em ti, minha Alma Metade,
sorvo o sentimento
que me faz mais homem,
homem de verdade,
porque neste sentir me aumento
em alegrias feitas das dores que somem.
Transforma-se o abalo
em embalo,
só pela magia do teu toque
e do teu beijo.
É o eterno cumprir do meu desejo!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Uma simples pétala de rosa
e uma taça de vinho,
que a minha imaginação verteu em prosa,
tiraram-te do ninho
em que te escondias.
Eram meras fantasias,
porém, traziam em si escondida
uma mensagem de vida;
a vida que eu mesmo te doei
pelo que criei
em simples palavras
que já em teu íntimo acalentavas.
O milagre das rosas que eu fiz
maior que o da Rainha Santa de El-Rei D. Diniz.
Assim, pude ver,
enfim,
o que de mim
teimavas em esconder.
Vi,
senti,
por isso, renasci!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Por favor,
enche o meu cálice, meu amor,
mas não bebas da minha taça!
É necessário que assim se faça
para te sentires mais protegida,
pois, se viveres a minha vida,
o teu amor se fará aversão
e não encontrarás prazer na doação.
O cálice
que encheste
sorvo num ápice
ou suavemente como o gesto em que mo deste;
sinto nele a tua vida pulsar
e o que sorvo me diz ao paladar
como é viva a nossa caminhada
feita isolada,
embora a dois seja o crescimento
deste forte sentimento
que nos liberta e une!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Que o homem e a mulher sejam capazes de encher o cálice um do outro, mas que não bebam da mesma taça.
Kahlil Gibran
O Amor que te tenho
se multiplica em teus amassos
e as curvas com que em minha mente te desenho
se insinuam belas e sensuais em meus traços.
Eu inteiro me assanho,
te sufoco em meus abraços
e, quando me cego no orgasmo em que me venho,
então, não consigo soltar-me dos teus laços.
Meus abraços são um convite à intimidade
em que se dissolve o meu Eu no teu
e te entrego o coração para ser mais meu.
Os teus laços me impelem à liberdade
qu’inda ninguém mais me deu,
a que, já em meu nascimento, o Universo inteiro me prometeu!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Ponto Alto, ponto baixo,
nesta mesa eu relaxo
e faço o contraponto
da vida em que desponto,
feito renovo primaveril.
É o contraponto de voltas mil
na vida
controvertida...
É fluxo e refluxo estonteante,
a montante e a jusante.
E, nesta vida de movimento,
explode o meu sentimento
para abraçar-te,
beijar-te,
em fogos
e jogos
de sedução
e libertação.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Meu amor é, sim,
suave,
cheiroso
e colorido!...
Em mim,
não há entrave
para o enlace amoroso
que entre nós se divisa plenamente preenchido!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Nesta tua casa tão bela,
tudo me acalma,
entrego-me todo a ti de forma singela
e põe-se à mesa contigo a minh’alma.
Pela manhã, diz-se adeus à monotonia
pelo despertar, feito calor,
de boas vindas ao novo dia,
em que a minha Vida se rende ao teu Amor.
Apelo incontido fervorosamente
de duas almas de mãos sobre corpos a deslizar
para agarrar sofregamente
o que em nós dois não para de clamar.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Um punhal cravado no peito
é esta minha dor
de um sonho agora desfeito,
outrora, esvoaçante nas asas do amor.
Era como um encanto de asas e velas
sobre mares e ares seguia sorrindo,
até que ventos algozes das procelas
o fizeram qual espuma no céu se esvaindo.
Ó quanto sofrimento
num só momento!
Sempre me faz crescer,
morrer,
para depois, renascer!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Quem coloca a mão no arado
e olha para trás, não é digno de mim.
Jesus, o Cristo
Do horóscopo chinês, o cão,
compungentemente apaixonado,
ridiculamente desesperado,
veio para ganir no portão.
Três meses desaparecido,
sem dizer “nem água vai, nem água vem”,
reaparece agora coitadinho e sofrido,
como se estivesse em busca de uma mãe.
Veio com plágio de mensagens e flores,
promessas de casamento e mil amores,
com caráter miraculosamente transformado,
o pobre coitado,
tão desgarrado,
compungentemente apaixonado,
ridiculamente desesperado.
Tadinho do cão
que não para de ganir no portão!
Acode-lhe a serpente de madeira
que promete doar-se a ele inteira
e lhe dá o apertado abraço salvador,
com o beijinho na boca perdoador.
Mas, não para de ganir no portão
o coitadinho do cão.
E a serpente d’água
solta aqui o silvo estridente
da última mágoa
de seu veneno contundente.
Abana o rabinho o pobre cão,
de tão contente,
tão sorridente,
que até já se sente gente...
A sua pressão alta vai baixar,
a batida do coração vai normalizar,
a hemorroida não voltará e estourar
e ele nunca mais vai “brochar”...
Contudo, vai voltar a aprontar
o tadinho do cão,
quiçá, mil vezes retornar
para ganir no portão...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Cesteiro que faz um cesto faz um cento,
basta ter vime e tempo.
Adágio popular português.
Minha gatinha cuidadora
abandonou-me,
castigou-me
e virou a minha gatinha castigadora.
Que pena,
esta triste cena!...
Adorava-a de tão bela
mas, o que fazer se nem posso vê-la?
Mesmo ao telefone, não posso segui-la
porque se mostra tão brava, quase gorila.
Isso é o cúmulo e o cume
do medo que estou a sentir,
pois a braveza do seu ciúme
fere-me, embora a sua carinha brava me faça até sorrir.
Vem cá, minha gata tristinha,
aninha-te aqui no meu colinho,
vamos esta noite a uma dancinha
porque vai ser animado o nosso bailinho!
Porém, se não aceitares o meu convite,
fica aqui o meu palpite:
com estes meus versos vais dar risada
porqu’inda por mim longo tempo vais ser amada!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Dei asas ao meu amor!...
Se ele voltar algum dia,
é porque ele sempre foi meu.
Curada está a minha dor
e a razão disso não saberia,
porque ele nada me prometeu.
Dei asas ao meu amor
E ele voltou para minha alegria,
Porque foi sempre só meu.
Lúcio Huambo
Balneário Camboriú, 2009
Grito de perene esperança
a ressoar trêmulo na rua,
onde perdido avança
o eco da minha alma nua.
Desnuda pelo prazer que se desfez
em lençóis de volúpia embriagante,
que a mim transformou de vez,
mais homem, mais confiante.
Em cascatas de espuma sobre rochedos,
ouço o ressoar da esperança que me reanima;
ela me preenche célere de baixo acima,
em ondas meteóricas que esbatem os meus medos.
Assim, continuamente morro e ressuscito
com a esperança no espelho em que me fito.
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Lutar é viver mais uma vez
nas voltas que a vida nos dá,
é passar ao mundo o que de melhor em nós há:
a força que derruba a desfeita que alguém nos fez...
Lutar é vida
por nós assumida,
renovada,
retomada.
É sacudir a poeira
que jogaram na gente,
é retirar a sujeira
que nos colocaram na frente.
Para a frente é que se anda!
É o que o Universo nos manda,
jogando das costas para trás
o peso que tanto mal nos faz!
Lutar é voltar a viver,
é renascer !
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
No cair
está o levantar,
o progredir
de quem teima em ousar.
É o “meter a cara”
que nos enaltece;
o que fere e sara
é o que nos enobrece...
A vida não é um mar de rosas,
não é música suave,
não é feita de poemas e prosas;
mas, se o cair
é ferramenta para progredir,
não há mal que nos entrave!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009
Exigi-te de volta inteira
e metade voltaste
para teres o homem todo que sou eu.
Me alegro sobremaneira
com o que ontem resgataste
na minha alma, de inteiramente teu.
É uma viva chama
que me abrasa,
me inflama
e, de tanta emoção, me arrasa.
Agora, estou inteiramente em tuas mãos
para ser o que tu desejas
e, mesmo que o não vejas,
eu sou o homem que tu sonhaste em sofrimentos vãos,
na tua solidão, de múltiplos desvarios,
acertos e desvios.
Lúcio Huambo
Blumenau, 15/12/2009.
O que o meu coração
intimamente
sente
o meu olhar parado na solidão
nunca desmente.
Sou EU
autenticamente,
inteiramente,
num relance que se perdeu:
é o que a minha Alma toda projeta
no sentimento que me afeta!...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
Vi claramente
visto
o que eu avisto em minha mente...
O que a minha Alma
numa doce calma,
sutilmente
pressente:
o que eu doei
e não voltou;
o que eu falei
e não ecoou;
o que eu escrevi como lei
e não gravou;
o que eu semeei
e não germinou;
o que eu reguei
e não perdurou...
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
De teus ternos olhos verdes a cor de mel
vem-me o doce néctar com que me delicio e curo,
é o nobre sentimento de quem sabe ser fiel
que extrai de mim o que tenho de mais seguro.
Escreves em traços leves como sobre papel,
na minha alma, o meu inteiro futuro,
gravando como se fosse a martelo e cinzel
nas minhas profundezas o que mais auguro.
Recordo enternecido o teu carinho
a percorrer-me o corpo suavemente
e solto livre o grito que me doeu profundamente.
Em teu seio me delicio e aninho
por me sentir amparado e contente,
explodo de tanto prazer pelo que o meu coração por ti sente!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
De teus ternos olhos verdes a cor de mel tão adocicado
extraio o doce veneno do perene prazer;
ele me traz, cada vez mais, abrasado
pelo fogo que contínuo me faz renascer.
É o meu eterno fogo sagrado
que vieste em mim reacender,
para me fazeres permanentemente renovado
no amor que por ti, em mim, não deixa de arder.
Eterna chama em que me revejo,
a fonte acesa do meu desejo,
agora, das cinzas, em boa hora, renascido.
E a posar-te suave na boca o meu beijo,
alcanço o que de melhor eu almejo:
o despertar do meu fogo, outrora, adormecido...
Lúcio Huambo
Florianópolis, 2009.
Este centro em que me precipito
é o EU profundo em que me acho,
da profundeza da Alma solto o grito
e o reencontro se dá de alto abaixo...
Em mim próprio faço esta busca
que me redime
e, por mais que me examine,
não me canso de buscar
o que em mim posso achar;
para me reencontrar com o destino
em que continuamente me examino!
Lúcio Huambo
Blumenau, 2009.
Mau tempo no canal,
de ondas alterosas,
aqui vertido no impermanente ritual
de meus versos e prosas.
Tudo em minha vida é desigual,
mesmo que feito de flores e rosas,
nem tudo é bem, nem mal,
misturando-se as perdas às feições amorosas.
Pairo suave sobre as ondas que me impelem,
sumamente, indiferente às coisas que me repelem:
situações e pessoas que são o meu reflexo.
Ao amor e paixão renovo os meus votos,
desde que me revejo, nos tempos mais remotos,
para que o sentido de viver assuma em mim algum nexo.
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 27/12/2009.
Tenho um amor desigual
de inúmeras facetas,
um amor plural
de mil metas.
É um amor de amarras e correntes,
um amor também feito libertação,
o amor de fortes torrentes
que tudo levam de arrastão.
Fraco e forte,
curto e longo,
vida e morte...
Vida com sorte,
morte em que me alongo,
fraqueza e força que me dão um norte...
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 27/12/2009.
Asas sobre nuvens de algodão
movem-me no vôo em que me lanço
em suave e eterna sucessão
a um breve passado sem avanço.
Certeza firme, sem adivinhação,
é este meu voejar seguro e manso,
contínuo objetivo movido por intuição,
caminhar ascendente de que não me canso.
Vôo tranquilo em que me realizo,
sonho supremo que idealizo,
a minha viagem ao Porvir.
Nesta caminhada, cada meta finalizo
e brota-me na face o franco sorriso,
porque sinto vibrante o perene Progredir.
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 27/12/2009.
De madrugada, após a meditação,
olho o céu límpido da aurora,
dissipam-se as nuvens da escuridão;
sol, céu, árvores, pássaros me abençoam nesta hora
e pulsa em mim a Vida renovada.
É a bênção suplicada,
é um canto que irrompe dócil na mente,
é a harmonia que se sente,
a fonte de água viva,
tudo me diz em voz bem altiva:
segue em frente!
Mais adiante!
Segue sempre avante!
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 28/12/2009.
Oh mar alto, oh mar fundo,
oh mar bravo, oh mar sem fim,
ao beijares as terras que há no mundo,
abençoas o que de mais profundo
beijas carinhosamente dentro, em mim:
a minha altivez de menino,
em toda a sua candura,
a profunda liberdade, sem destino,
nos meus bravos roteiros de ventura...
Em ti, volto a me inspirar;
no cheiro da tua maresia,
na minha leveza de pensar
a pairar sobre ti, em ventania.
Ah, como é bonito tudo isso nesta hora
que um nobre sentimento em mim faz voltar
- o saber que posso agora,
enfim,
voltar a ter em mim,
os belos sonhos que na minh’alma semeaste, outrora:
meus sonhos de sete partidas
nas viagens que ao mundo dei,
a celebrar amores que transformam vidas,
exatamente, como nos sonhos que por ti sonhei!
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 29/12/2009.
Amor meu, que meu nunca quiseste ser,
ao menos, chama-me uma só vez. E eu vou achar
que nas voltas que me procuram render
tu para mim queres um dia voltar,
embora eu nunca, nunca mais, queira te receber...
Vai ser a volta total da minha fantasia
aos tempos em que aos teus pés me derramava
com a alma dócil vertida em poesia;
apesar disso, nada meu te encantava
e, hoje, sou eu que não te escrevo como escrevia.
Foge-me aos empurrões o senso e o sentimento,
cada vez mais, de ti para sempre afastados,
embora nas sombras de um breve momento
eu mantenha algo triste e arrastado
na continuidade imperturbável do meu contentamento.
É verdade que eu posso sempre mais,
muito mais, do que o mais que em mim desvendo,
porém, por ti se esgotaram de todo os meus ais
e, agora, a continuar o que sempre venho sendo,
serei sempre o homem que para ti me fiz demais.
Seja bem-vinda a minha constante alegria
porque a tristeza nunca me quis o ânimo matar;
ela assumiu em sua falta de sintonia
a essência divina que em mim se fez criar:
o que sempre descubro na minha universal harmonia!
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 29/12/2009.
Construo para ti o acalentado ninho,
lar aconchegante, casinha sossegada
como a tranqüilidade do meu ritual sozinho
na meditação, a cada madrugada,
de que discordas por não ser o teu caminho.
Construo um enorme palácio, de seguida,
com lustres brilhantes como a minha luz,
de múltiplas salas em que te acharás perdida,
porque realmente o que mais te seduz
é um passado que te mantém bem rendida.
Em volta, também, um grande muro vou construir
que só se atravessará por um alto portão,
para que não te perturbes com qualquer cão a ganir
e não sejas vencida por não saberes dizer não.
É tudo isto, assim, a construção que dôo ao teu porvir.
Finalmente, ao portão, termino a minha obra,
cavo uma cova bem úmida e funda
onde enterrarás o meu que na tua mente sobra:
o que da minha alma estes versos inunda,
a chama deste amor, cujo calor já soçobra!...
Lúcio Huambo
Angra do Heroísmo, 30/12/2009.
Só estou,
só ficarei;
com o que me inundou
para sempre eu fiquei.
Quero sorver
o que me faz viver,
quero fruir
o que me faz sentir.
Fruição do prazer
da ausência de ser,
ser e agir
no que me faz sorrir.
Sorriso de esperança
na caminhada que avança.
Progresso subtil
de um a mil.
Mil que se alcança
em rotina mansa,
com espírito juvenil
e força varonil.
É uma solidão criativa,
inspirada, renovadora,
que me mantém a alma viva
pela Mente Criadora!...
Lúcio Huambo
Avião TAP Terceira-Lisboa, 01/01/2010.
Vivo este amor
com fragor
em toda a sua grandeza,
pureza...
Nem as rusgas e perseguição,
nem a calúnia e difamação,
nem a distância dum oceano,
nem o tempo, ano após ano,
vão engolir
e submergir
o que nunca deixei de sentir...
Lúcio Huambo
Blumenau, 15/03/2010.
Deusa que em mim despertas
os sentimentos em que me deleito,
das entranhas que desejo abertas
por teus afetos, bem ao meu jeito.
São setas de Cupido com que me acertas,
ao afagares suavemente o meu peito,
e quando carinhosamente me apertas
o que em mim acende um fogo feito.
Também és fogo, meu coração,
meu amor, minha doce paixão,
que eu quero sempre lembrar...
Muito agradeço o que por mim sentes,
pois eu bem sei que não mentes
ao vires a mim inteira te entregar!
Lúcio Huambo
Blumenau, 02/06/2010.