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No início deste nosso Janeiro de 2010, de esperanças tão renovadas para a libertação sexual em Portugal – com a aprovação do casamento homossexual na Assembleia da República – eis que rebenta a notícia surpreendente: o Ponto G simplesmente não existe; ele não passa de “um produto da imaginação das mulheres influenciado pelas revistas femininas e por terapeutas sexuais”.
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O “Esquadrão da Morte do Ponto G” é formado por cientistas do King’s College, em Londres. De acordo com o respeitado periódico científico The Journal of Sexual Medicine, após elaborados estudos que envolveram 1800 mulheres, com idades entre os 23 e os 83 anos, todas gémeas, eles decretaram a morte e sepultamento do Ponto G. Foram analisadas gémeas visando a obtenção de respostas parecidas. Contudo, as respostas foram diversas: enquanto algumas mulheres afirmam ter ponto G, as suas irmãs idênticas garantem que não têm. Assim, os cientistas chegaram à brilhante conclusão de que o ponto G é apenas um mito. Tim Spector, um dos autores do estudo, chegou mesmo a afirmar: “é irresponsável alegar a existência de algo que nunca se provou existir”. Enfatizou o estudioso que algumas mulheres podem alegar ter encontrado o Ponto G, “mas a verdade é que não pode ser comprovado”. Foi assim, meus amigos e amigas leitores, que foi anunciada a “Morte do Ponto G” para alívio de muitos e muitas!
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Logo, começaram as reações. Alguns vieram dizer que certas mulheres confundem prazer sexual em geral com o propalado ponto G. Outros disseram que separar as mulheres em duas classes – com e sem Ponto G – é a mesma coisa com o que foi feito quando elas eram discriminadas em virgens e não virgens, um conceito ridículo e ultrapassado próprio do tempo em que se reduzia o cerne da questão à integridade observada a partir só da soleira da porta da entrada. Outros acrescentaram que o fato de um novo parceiro proporcionar a uma mulher mais prazer é que a levava a dizer que tinha localizado o Ponto G, o que não tinha atingido com outros, antes. Outros, ainda, se perguntavam se o Ponto G era encontrado fisicamente pela própria mulher ou com a ajuda de um parceiro. Outros apimentavam que se fossem mulheres tentariam encontrar o Ponto G a todo custo, mesmo que fosse só psicológico, mas que se fosse físico, então, por uns milésimos de segundo de uma fricção ou toque procurariam sentir esse ponto pelo menos uma vez na vida. Alguns homens ficaram muito confusos, pois garantem que estiveram lá e que regressaram; agora, se perguntam: O que foi aquilo que eu senti? Onde estive afinal de contas? Aquele não era o lugar assinalado no mapa do livro que li? Como assim, o GPS dela não explodiu em milhões de luzinhas como o fogo de artifício na passagem do ano na Praia de Copacabana? Será que ela me enganou quando revirou os “oínhos” e fartou-se de gemer?
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Não tardou a vir o contra-ataque dos defensores indefectíveis do Ponto G. Eles constituem os adeptos de carteirinha do “Fã Club do Ponto G”… Mulheres que disseram ter o seu G muito bem cuidado e acarinhado e que não o abandonariam de jeito nenhum só por causa de um estudo de cientistas loucos. Cirurgiões que vivem de “construir” pontos G artificiais. Terapeutas sexuais que morrem de medo de perder a clientela de mulheres que ainda não descobriram o ponto G. Escritores e editores que ganham um dinheirão com a temática do Ponto G.
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O “Esquadrão da Ressurreição do Ponto G” foi comandado por Beverly Whipple. Ela é uma especialista em Ponto G, professora na Universidade de Rutgers e tem um livro sobre o decantado Ponto G que já vendeu mais de um milhão de cópias. Esta expert decretou: o Ponto G existe, sim, e o problema das gémeas não está nelas, mas, sim, nos parceiros delas!
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Eu sabia que ia sobrar para nós homens porque temos as costas mais largas… Afinal, somos o “sexo forte”, apesar de ser o mais frágil, pois a problemática não se resume para nós a um abrir de pernas… Homens que me lêem, prestem atenção! Nós somos os únicos responsáveis por algumas mulheres não terem encontrado ainda o Ponto G! O “pontinho do prazer” continua lá, até nas gémeas analisadas! A culpa é da qualidade dos amantes. Há uns que conseguem descobri-lo e outros são simplesmente uns patetas que não descobrem nada… E as acérrimas defensoras do seu Ponto G nos desafiam: “Meu Querido… nós temos mesmo um ‘interruptor mágico’; cabe-te a ti a tarefa de descobri-lo… agora vai… sem pressão, queridinho!”. As mulheres geralmente são muito sábias, porque sabem perfeitamente que o homem é o sexo frágil que não funciona sob pressão; aliás, há uma relação binária inversa entre pressão e sexualidade nos homens, ou seja, quanto mais pressão menos sexo. E, aí, quando o homem se mostra exausto e frustrado por não encontrar o ponto G, a sua parceira ameniza: “O nosso órgão sexual, em nós mulheres, é ultracomplexo, queridinho; é o nosso cérebro,…, por isso, é tão enigmático!”. E eu que o diga!!!
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Uma coisa é certa, o estudo dos cientistas ingleses, embora não tivesse encerrado a polémica sobre a existência/ inexistência do Ponto G, deixou mais descansadas as mulheres sinceras perante as que querem sempre mostrar-se como as fatais e possuidoras de aptidões sexuais superiores. Afinal, o prazer sexual da mulher não se resume a um ponto...
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Outra razão para sermos o sexo forte: os cientistas ingleses não decretaram a inexistência do Ponto G masculino. Ele existe, está bem localizado, de acordo com comprovação científica. Há homens que não deixam a sua parceira acariciá-lo pela simples razão que temem que o seu Ponto G vire “ponto gay”. Coisas de mentalidade. Já dizia o poeta e compositor português Ary dos Santos para o entrevistador: “Olha, meu filho, não experimentes nem com a ponta do lápis!”. Por mim, eu ainda não experimentei… Quiçá, porque sou filho de um colono açoriano que está vivo com 89 anos e sempre se recusou até a usar supositório e clister, contrariando mesmo as recomendações médicas… Diz-se no Brasil que existe ex-engenheiro, ex-médico,…, etc., mas não existe ex-g… Por isso, alguns homens fogem de sentir o seu Ponto G. Mas, eu não vou morrer na ignorância dos prazeres do meu Ponto G, disso estou absolutamente convicto!
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Para término de conversa, é bom ficar claro que uma pessoa só é considerada homossexual quando sente atração por outra do mesmo sexo e não por permitir a parceira tocar qualquer região do seu corpo. Basta ver que o garanhão Charlie (Charlie Sheen), da série Two and a Half Man faz questão de ressaltar que se beneficia muito dos toques no seu Ponto G, a ponto da sua namorada chegar a comentar em um dos episódios que está com dor no dedo. Então, como diria o presidente do Brasil: Vamos nessa companheiro!
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Portanto, viva o Ponto G masculino que não morrerá nunca e nunca precisará de ressuscitar!