terça-feira, setembro 02, 2008

ADEUS

O adeus da tia Maria de Lourdes e do tio José Câmara, em agosto de 1975.




ADEUS




Adeus minha casinha
Onde tantas alegrias vivi...
Não te verei mais, mas sempre serás minha,
Porque os que vierem não te sentirão como eu senti...
.
Foste a minha melhor sombra ao tórrido calor,
O meu melhor aconchego em noites de paz,
E, agora, na guerra que me traz a dor,
Resta-me um breve aceno que em lágrimas se desfaz...
.
Nunca mais te verei... Isso é o que mais me dói!
Pressentindo o temor do que pela frente vem,
De uma guerra insana sem sequer um herói,
Resta-me a esperança de seres cuidada por alguém...
.
Na doce penumbra do meu sonho ido,
Nos meus Açores, entre alterosas águas,
Ao recordar o teu jardim florido,
Sonhar-te-ei sempre linda, sem mágoas!

Lúcio Huambo
Blumenau, 02/09/08

5 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

Lúcio,
Apenas nostalgia ou algo de anormal se passa contigo?
Encontro nos teus últimos escritos um texto que não é o habitual. Falei com a São e decidi mandar-te esta pequena prosa. Podes responder-me?

Lúcio Flávio da Silveira Matos disse...

Olá, Meu Nobre Conterrâneo Mesumajikuka.
Um dia destes te mando um e-mail diretamente, para trocarmos umas ideias sobre a nossa Boa Terra.
Realmente, a saudade assalta a nossa mente frequentemente, mas dela procuro extrair energia positiva para vislumbrar um futuro melhor.
No poema "Adeus" eu procurei incorporar o que o casal de velhinhos aposentados sentiu e verbalizou, quando dentro do meu carro eu iniciei a viagem que os levei a Nova Lisboa, para tomarem a ponte aérea no regresso indesejado às Ilhas do Mar Poente, onde viram a luz do dia pela primeira vez...
Um abraço,

Anônimo disse...

Lúcio
Não sei se sabes que conheci a Maria de Lourdes e o José “Cambra” desde criança, temos a mesma raiz – Santo António de S. Jorge.
Foi com muita emoção que li este poema a eles dedicado. Não me esqueço da malandrice que nos fazia ao cumprimentar, magoando a nossa mão com o coto do seu polegar.
Abração Henrique

Anônimo disse...

Venho aqui emocionar-me...

Passos & Impasses disse...

Conheço e reconheço a estrada que abre o teu blog. Tenjo rolado sobre ela em companhia de meu marido (Canhanga). Chamam-na agora EN210. A que me tem levado de Luanda ao Kuito (Silva Porto) passando pelo Huambo (Nova Lisboa). E a Quibala tem sido nossa paragem obrigatória, depois da Aldeia de Pedra Escrita (Municipio do Libolo)onde o Canhanga visita a mãe. Na Quibala tem os irmãos mais velhos.
Um abraço, Lúcio.