É ali que vivem hoje aproximadamente 100.000 pessoas do povo San, que se sustentam essencialmente da caça e da coleta. É o povo africano de maior variedade genética, a tal ponto que os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia foram levados a concluir que os antepassados dos Sans é que deram origem à humanidade. Outras pesquisas já mostraram que uma distância gradativamente crescente da África leva a uma sucessivamente menor diferenciação de genes das populações do nosso planeta. Portanto, isso também leva à conclusão de ser a África o berço da humanidade, pois a população original teve mais tempo para acumular variações no seu genoma, o que é denominado de "efeito fundador". Efetivamente, as populações mais distantes da África são descendentes de grupos migratórios pequenos e relativamente recentes, o que é traduzido em maior homogeneidade genética.
A pesquisa americana concluiu ainda que os antepassados dos Sans viveram a primeira diáspora pela África. Também, que um bando tribal de até 150 integrantes teria deixado a África, há 50.000 anos, cruzando o Mar Vermelho em direção à Ásia e daí conquistou o mundo. Realmente, os africanos colonizaram primeiro o hemisfério norte, bem antes de serem colonizados pelos povos brancos, os seus descendentes. Que ironia do destino!
O estudo abriu também caminho para curar algumas mazelas do continente africano, com novos tratamentos para a AIDS ou SIDA, malária e tuberculose. Isto porque, segundo Sarah Tishkoff: "os africanos têm sido negligenciados nas pesquisas de mapeamento genético porque o acesso aos grupos com maior diversidade genética é difícil”.
As conclusões das pesquisas genéticas têm sido um duro revés para os racistas, xenófobos e nacionalistas empedernidos, pois têm dado sustentação ao grande ideal proclamado pela frase de Mirza Hussain Ali: “a Terra é um só país e os seres humanos são os seus cidadãos”.